domingo, 22 de novembro de 2009

O QUE É O BATISMO ESTRANHO?

O QUE É O BATISMO ESTRANHO?

Na maior parte da história dos Batistas eles tem tido problemas com o que é chamado o “Batismo Estranho”. Esta foi a causa primária da primeira separação dos Batistas de outros Cristãos professos e é uma das causas principais que mantêm os Batistas um povo separado dos demais. Pelo que sabemos, não há nenhum registro de batismo estranho entre os Católicos e os Protestantes. A razão disso é porque estes não reconhecem nenhum batismo como estranho. De fato, o Catolicismo admite o batismo dos que consideram hereges se pelo menos tal batismo tenha sido administrado em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

Toda essa tolerância parece boa e, por isso, muitos julgam que tal tolerância deve ser a posição verdadeira e bíblica. Mas a maioria não se lembra que Nosso Senhor não era tolerante em sua atitude diante do erro. Ele sempre reprovava e confrontava os líderes religiosos judeus pela corrupção da verdade por suas tradições. Nem tal tolerância foi inculcada alguma vez por qualquer um dos escritores do Novo Testamento, quando se era tratada qualquer doutrina ou ordenança. Os casos de tolerância Bíblica são aqueles onde os irmãos são advertidos a “ser paciente e tolerantes” quando a liberdade pessoal ou questões de costume estavam envolvidos. Nestes casos somente, os cristãos estão exortados a “levar as cargas” dos outros, Rom. 14. Contudo, este não é o caso quando se trata da ordenança do batismo.

Ambas as ordenanças são dirigidas por preceito positivo e desta forma obtêm toda a sua importância da própria autoridade do Senhor que as mandou. Os preceitos positivos contrastam-se com os preceitos morais que têm uma moralidade intrínseca em sua essência e portanto têm autoridade. Constituem deveres por causa de sua moralidade característica, enquanto que os preceitos positivos não seriam obrigatórios a não ser pela autoridade daquele que os ordenou. Esta é uma importante distinção a ser considerada, pois influência no dever das ordenanças. Porque ambas as ordenanças são preceitos positivos mandados pelo Senhor o qual, somente, tem autoridade para estabelecer deveres religiosos, e ninguém tem opção de escolha em obedecer ou não obedecer, muito menos a forma como obedecê-los. Portanto ninguém tem a mínima esperança de escapar de uma justa reprovação ao recusar obedecer o mandamento do Senhor, nem dizer que está obedecendo mas administrando de forma contrária daquela que o Senhor mandou. Não existe sombra de dúvida em relação ao mandamento do batismo e portanto ninguém que seja salvo está isento da obediência desta ordenança, nem existe qualquer desculpa para o mesmo seja modificado. J. M. Pendleton diz:

“Certamente a linguagem desta comissão é clara. Mateus nos informa que o ensinar ou o fazer discípulos (pois o verbo “matheteuo” significa fazer discípulos) deve preceder o batismo - Marcos estabelece a antecedência da fé ao batismo e Lucas liga o arrependimento e a remissão dos pecados com a execução da comissão. Nenhum homem pode, em obediência a esta comissão, batizar um descrente ou uma criancinha. O descrente não é um discípulo arrependido e é obviamente impossível para a criancinha arrepender-se e crer no evangelho. Eu proponho como princípio de bom senso, que cada mente não preconceituosa aprova, que a comissão de fazer uma coisa ou coisas autoriza somente a execução da coisa ou coisas especificadas nelas. A execução de todas as outras coisas é veemente proibido. Existe um axioma na Lei - Expressio unius est exclusio alterius - A expressão de uma coisa é a exclusão da outra.” Three Reasons I Am A Baptist, (Trêz Razões Porque Eu Sou Um Batista) pp. 11-12.

Deveria ser evidente a todos por causa do batismo ser um preceito positivo, ele só pode ser alterado pela mesma autoridade que o instituiu, ou por uma autoridade maior. Mas é evidente também que esta ordenança tem sido alterada muitas vezes e de variadas formas por homens que reivindicam não ter tal autoridade. E agora? Estes atos tornaram-se batismos estranhos, isto é, eles são estranhos aos padrões e preceitos do Novo Testamento, e assim, são na realidade pseudo-batismos. Deixe-nos observar os seguintes assuntos:

I. O BATISMO ALHEIO DEFINIDO.

A palavra “alheio” significa estranho, esquisito ou não natural ao seu desígnio original, e quando isto é aplicado ao batismo, ela indica um batismo defeituoso, e assim, já não é um batismo Cristão de qualquer modo. É meramente um ritual humanístico e tradicional. Se existe uma coisa tal como o batismo alheio, e quem pode duvidar disto quando muitos batismos não estão de acordo com os padrões do Novo Testamento, então por sua precisa designação ele não é um batismo Cristão correto, mas algo outro, um mero rito humanístico, uma tradição de homens.

A primeira coisa a perguntar então é: Existe tal coisa como o batismo alheio? Evidentemente que sim, se pudermos julgar as práticas do Apóstolo Paulo como está registrado em Atos 19:1-7. Quando ele veio à Éfeso, Paulo achou uma pequena igreja composta de doze homens, assim que ele conheceu melhor este povo, observou que alguma coisa estava defeituosa em sua fé. Sua pergunta se eles haviam “recebido o Espírito Santo quando creram,” trouxe à tona a resposta que eles nem ainda tinham ouvido a respeito do Espírito Santo. A pregação de João tinha enfatizado que o Messias iria entrar em cena logo depois, e que Ele batizaria no Espírito Santo, Lucas 3:16-17. Mas estes doze Efésios manifestaram que eram totalmente ignorantes a respeito destas coisas. A segunda pergunta de Paulo foi “Em que sois batizados então?” que indica que há mais no batismo do que meramente um ato. Ele não concordou com o erro Católico que muitos Protestantes tem adotado que aquele batismo salva ex opere operato - pela execução do ato. Estes Efésios poderiam apenas responder sua pergunta dizendo: “No batismo de João.”

A maioria do mundo Protestante tem rejeitado o ministério e o batismo de João como Judeu ou como uma modificação híbrida entre Judeus e Cristãos, mas em qualquer caso como não Cristão, porque a própria crença e práticas deles estão em desacordo com os ensinamentos de João. Do caso de Atos 19 estas reivindicam como uma suposta prova que todos os discípulos de João tinham que ser re-batizados porque eles não tiveram um batismo Cristão. Entretanto, este significado não pode ser posto sobre as palavras de Paulo. Jesus mesmo tinha qualificado João como o maior profeta “nascido de mulher,” sendo superado apenas pelo próprio Jesus, que era, como se lê literalmente no texto inspirado: “um pouco depois no reino dos céus,” Mateus 11:10-11. Sim, Jesus e todos os Seus discípulos mais próximos tiveram apenas o batismo de João, o qual nunca foi questionado por ninguém. Paulo mesmo admitiu a escrituralidade do ministério de João, e deu a essência de sua pregação quando ele disse: “Certamente João batizou com o batismo do arrependimento, dizendo ao povo que cresse no que após ele havia de vir, isto é, em Jesus Cristo,” Atos 19:4.

Se este é o caso, então qual é a razão dos batismos destes homens terem sido achados faltosos? Esta é a razão: eles não foram batizados por João, pois ele já tinha sido morto cerca de trinta e cinco anos. Eles foram apenas batizados “pelo batismo de João,” não por ele; e assim, não eram, numa maneira de falar, a segunda geração de discípulos de João, o que, na natureza precisa do caso, não fez deles discípulos de João de todo. Alguém, provavelmente Apolo, Atos 18:24-25, que tinha sido batizado por João em antecipação da vinda do Messias, mas que não tinha ouvido a respeito do cumprimento das profecias Messiânicas, tinha se esforçado em perpetuar o ministério de João. Mas o ministério de João era único - era a preparação para a vinda de Cristo - e nunca foi intencionado ser perpetuado, e por esta razão ninguém tem autoridade Divina para continuá-lo depois de João. Apolo, sendo muito zeloso, veio e pregou em Éfeso o pouco que ele conheceu da pregação de João, e imediatamente batizou os doze submissos homens numa fé fragmentada que ele tinha ouvido de João.

A administração do batismo de Apolo sendo sem autorização divina, Deus não reconheceu este grupo de homens como uma igreja, e consequentemente eles não tinham o Espírito Santo habitando neles como uma igreja. Quando Paulo entrou em cena, ele detectou o defeito, e ele também recusou reconhecer o batismo deles como válido. Ele então procedeu a explicar-lhes a verdade, a qual eles aceitaram com muita alegria - uma marca de um povo com um espírito correto a respeito deles - e foram escrituristicamente batizados por alguém do grupo missionário de Paulo. Quando este batismo defeituoso foi corrigido, o Espírito Santo veio sobre eles em autenticação e reconhecimento de seu verdadeiro status de igreja.

A maioria do Protestantismo não se atreve a aceitar esta explicação desta parte da Escritura, porque ela imediatamente os desqualificaria como igreja, e daria grande vantagem aos Batistas, por suas práticas em rejeitar todo batismo que eles consideram ser defeituoso. Era em parte desta prática que os Batistas têm seu nome derivado, e não de João, como muitas pessoas pensam.

No segundo século e seguintes quando o plano de salvação veio a ser tão grandemente corrompido, e homens eram batizados na esperança que as águas batismais de algum modo os salvariam, iniciou-se uma reação e numerosos indivíduos e igrejas recusaram reconhecer tais batismos como batismos Cristãos. Estes “reacionários”, como muitos os chamariam hoje, puseram o sangue antes da água, e ensinaram que a salvação é necessária para o batismo, e não que o batismo é necessário para a salvação. Eles, por esta razão, não aceitariam qualquer um dentro de suas igrejas que tivesse sido batizado tampouco como uma criança ou um adulto que tivesse sido batizado para a remissão de pecados, mas requeriam que a pessoa confessasse já ter nascido de novo antes do batismo, então submeter-se a ser rebatizada. Por esta razão eles eram chamados Anabatistas, ou “re-batizadores”. Embora conhecidos por outros nomes, este era um termo geral sobre o qual eles eram todos classificados.

Nos séculos quinze e dezesseis estas mesmas pessoas vieram a ser chamadas simplesmente de “Batistas”, pois a maior parte do resto do mundo Cristão professo tinha cessado de administrar a ordenança por imersão. E então, tecnicamente estes reacionários não foram mais Ana-batistas, ou “re-imersores”, pois o prefixo Ana foi tirado, e eles eram chamados simplesmente “Batistas”, ou “imersores” para distingui-los do resto dos Cristãos professos. Portanto o nome pelo qual os Batistas são presentemente chamados é o resultado de sua recusa em reconhecer qualquer batismo espúrio, e suas práticas de administrar a ordenança à todos quantos o batismo original eles tivessem razão para suspeitar que era defeituoso. Os Batistas, entretanto, são impelidos por convicção, não por arrogância (arrogância, falta de respeito) a ser escrupulosos no assunto do batismo. W. M, Nevins diz:

“É de tremenda importância e devemos sempre ter em mente que, se qualquer um dos seus quatro ele¬mentos faltar, teremos batismo defectivo e não batismo escriturísti¬co, tal como Deus disse a Moisés a respeito do tabernáculo: “Olha, faze tudo conforme o modelo que no monte se te mostrou”, assim ele nos diz: “retendes os preceitos como vo-los entreguei”, 1 Coríntios 11:2. Se as alterardes desobedecereis a Deus, destruireis a verdade e trareis confusão e dissídio ao mundo cristão, onde deverá haver união e paz.” – Alien Baptism And the Baptists (O Batismo Estranho e os Batistas), p. 14.

Estes quatro elementos necessários, aos quais ele alude são: 1) Um sujeito Escriturístico – uma pessoa salva; 2) Um Propósito Escriturístico - uma confissão de salvação, de fé na expiação e ressurreição de Cristo e a nossa própria ressurreição; 3) Um Método Escriturístico - imersão; 4) Um Administrador Escriturístico - uma igreja Neotestamentária. Deixe faltar qualquer um destes elementos e você tem um batismo defeituoso ou estranho.

Um batismo pode ser estranho por causa de qualquer uma destas quatro coisas, mas o defeito mais comum nos batismos do moderno mundo Cristão professo é com relação ao administrador apropriado. Deveria ser obvio a toda pessoa não preconceituosa que se Jesus autorizou um administrador das ordenanças, então ninguém mais pode administrá-lo sem presunção. Pode ser ilustrado desta forma: Suponhamos que um estrangeiro venha para este país, e ao passar o tempo ele venha a amar esta nação, e ele deseje tornar-se um cidadão e servir seu novo país. E suponhamos que ele conte este desejo à um que já seja um cidadão, e esse cidadão diria, “Maravilhoso! Amando este país, você já tem encontrado o requisito mais importante para cidadania, e eu já sendo um cidadão, eu administrarei o dever de fidelidade a você, e você será então um cidadão como eu”.

Toda a sinceridade do mundo destes dois indivíduos justificaria suas ações? Você certamente dirá: “Claro que não! O cidadão não tem a autoridade para administrar o dever de fidelidade, pois ele não era o oficial autorizado para fazê-lo”. E você estaria correto. Mas quanto mais errado e mesmo presunçoso seria para um não-cidadão dizer a outro não-cidadão, “Eu administrarei o dever de fidelidade à você por este país então você será um cidadão”. Ainda este é exatamente o que é feito quando qualquer individuo presume ser o administrador do batismo. As ordenanças não eram dadas a indivíduos por si mesmos, mas às igrejas, e elas somente tem o direito de administrá-las. Nem eram as ordenanças dadas à toda organização que se intitula a si mesma como uma igreja. J. R. Graves bem disse:

“’Como, então’, você pode perguntar ‘posso eu conhecer o oficial apropriado para administrar o batismo Cristão?’ É claro que não, por um exame de homens e suas credenciais; mas é necessário que você encontre uma igreja que administre tal ato, o qual Cristo mandou, e para o propósito e o sujeito que Cristo requer, e que essa igreja forneça o oficial apropriado – pois é a igreja que administra o rito e não o oficial por si mesmo, ele é apenas a mão, o servo da igreja. As ordenanças do batismo e da ceia não são confiadas ao ministro para administrar a quem quer que eles julguem qualificados, mas às igrejas, para serem observado por elas ‘como eles foram entregues à elas,’ I Coríntios 11:2.” The Act Of Christian Baptism (O Ato do Batismo Cristão), pp. 51-52.

Se apenas as igrejas constituídas regularmente podem administrar a ordenança do batismo, então torna-se obvio que cada uma das igrejas as quais saíram fora da Reforma seja direta ou indiretamente, estão sem um batismo regular, pois todos os reformadores denunciaram Roma como temível e finalmente corrupta, e ainda, sem autoridade. Ainda estes mesmos reformadores não tinham outro batismo senão aquele de Roma. É isto que J. R. Graves chamou “O Trilema” do Protestantismo em seu livro, “The Trilemma” of Protestantism.

Ninguém tem o direito de originar um novo batismo, embora alguns que injuriaram o nome dos Batistas no passado o tem feito assim. Os Batistas Gerais (Arminianos) da Inglaterra, acreditavam que isto era o modo apropriado para iniciar uma igreja se nenhum outro crente batizado Escriturísticamente pudesse ser encontrado. Entretanto, está claro que esta crença brota do erro básico do Arminianismo, pois aqueles que colocaram uma ênfase e valor indevidos sobre os esforços humanos assumiriam naturalmente, no caso de batismo, que os esforços humanos originando batismo seria tão aceitável a Deus como que derivado da autoridade divina.

É notório que em apenas dois casos registrados de auto-batismo ou batismo originado, nenhum dos grupos era divinamente abençoado para reproduzir qualquer outra igreja. Nós falamos do caso de John Smyth na Inglaterra na primeira década do século dezessete, e aquele de Roger Williamns in Rhode Island em 1639 ou 1640. Ninguém, tanto quanto sabemos, nunca provou que qualquer das igrejas Batistas da América descendeu do grupo de Roger Williamns. A Primeira Igreja Batista de Providence, em Rhode Island reclama isto como sua origem, mas sem prova alguma. Como poderiam eles quando o grupo de Williamns estava dissolvido por mútuo consenso apenas alguns meses depois dele ser concebido?

Entretanto, alguns têm reclamado que todas ou a maior parte das igrejas Batistas Inglesas são descendentes diretas do grupo de Smyth, e isto é um ensino comum em numerosos dos mais liberais seminários Batistas. John T. Christian, que era um dos mais bem informados Historiadores Batistas do século passado, tem a dizer o seguinte a respeito disto:

“Pode ser importante registrar aqui que o batismo de Smyth não afetou o batismo das igrejas Batistas da Inglaterra, tem sido afirmado que as igrejas Batistas Gerais da Inglaterra originaram-se desta igreja de Smyth; que esta era a mãe das igrejas dos Batistas; e mesmo que a denominação Batista originou-se aqui no ano de 1609. Depois de uma investigação prolongada, nós somos incapazes de encontrar a evidência que qualquer igreja Batista surgiu a partir desta. Nós somos capazes de encontrar que depois que Helwys estabeleceu esta igreja em Londres, algumas igrejas afiliaram-se com ela numa certa correspondência com alguns Menonitas na Holanda; mas que elas tiveram uma origem comum não é manifesto em lugar algum. Se tal prova existe, ela tem escapado à nossa atenção”. – A History of the Baptists (Uma História dos Batistas), Vol. I, p. 225.

Os Batistas do passado têm, quase unanimemente, repudiado o auto-batismo como uma presunção não garantida, e somente no último século ou mais tem se tornado comum encontrar Batistas que se esforce em justificá-lo, mas esta tentativa de justificação quase exatamente iguala o desprezo e a ignorância da História Batista.

Se a vasta maioria do Protestantismo está sem batismo Escriturístico, então é evidente que estão também desprovidos do status de igreja Escriturística, pelo fato destas duas coisas andarem juntas, e eles não podem, portanto, administrar um batismo Escriturístico. E nós percebemos completamente isso, ao sustentar esta visão nós destituímos imediatamente uma grande porção do mundo Cristão. Mas nós não somos maliciosos ao sustentar esta visão, pois nós reconhecemos e alegramo-nos em saber que há muitas pessoas genuinamente piedosas em outras denominações. Mas a autoridade da igreja não é co-extensiva com o Cristianismo, e nós não podemos reconhecer qualquer sociedade como uma igreja que tenha um batismo corrupto. Se a doutrina da Palavra de Deus destitui outras, estamos nós a ser culpados por aderir firmemente aos ensinamentos da Escritura, ou não são antes eles culpados por se apartarem delas?

II. O BATISMO ALHEIO DETERMINADO.

Buscando determinar se há algum caso de batismo estranho, a primeira pergunta a ser feita é: “Temos nós qualquer autorização divina para ir à caça a bruxa por heresias? A Grande Comissão ordena a Ir, Fazer discípulos, Batizá-los e Ensiná-los, e não há evidência que nós somos autorizados a examinar os ensinamentos ou as práticas de outra igreja exceto onde haja relação com a constituição de nossa própria igreja. Em Atos 19, não era até que Paulo detectou uma deficiência naqueles doze homens que ele inquiriu sobre seus batismos. Ele ainda era o Apóstolo dos Gentios, Romanos 11:13, e tinha “o cuidado de todas as igrejas” comissionadas à ele, 2 Coríntios 11:28. Não seria o cúmulo da presunção para nós nos dias atuais presumir em sentar em julgamento sobre as igrejas do Senhor? J. M. Pendleton diz das igrejas Batistas:

“Elas são todas independentes umas das outras, tanto quanto o exercício do poder governamental está envolvido. Toda congregação local, unida na irmandade da igreja, é uma igreja tão completa como nunca existiu, e é perfeitamente competente para fazer qualquer coisa que uma igreja pode por direito fazer. Nenhuma outra congregação tem liberdade para interferir com os assuntos de outra. Toda igreja Batista é uma democracia pura e independente. A ideia de independência deveria ser sinceramente apreciada, enquanto que a de consolidação deveria ser sinceramente desaprovada.” -Three Reasons I Am A Baptist (Três Razões Porque Eu Sou Um Batista), pp. 150-151.

Cada igreja é assim constituída como um corpo soberano e independente – o verdadeiro "Corpo de Cristo" em sua própria localidade, que é responsável somente perante ao seu Senhor e Cabeça. Pois cada indivíduo ou igreja que presume em sentar-se em julgamento sobre uma igreja é assumir uma prerrogativa que nem mesmo um Apóstolo reclamou. Em Apocalipse 1 Jesus é visto a andar no meio de sete castiçais de ouro os quais “são as sete igrejas,” Apocalipse 1:20. Mas conforme Ele anda, Seus pés são revelados como “semelhantes a latão reluzente,” v. 15, o que é símbolo de julgamento. Cristo apenas, portanto, tem o direito de sentar em julgamento sobre Suas igrejas.

A única vez em que somos justificados a examinar o batismo de um indivíduo é quando o mesmo se apresenta perante a igreja para se tornar membro. Então nós devemos perguntar certas questões ao candidato. A primeira questão, e uma que é muito importante, mas que é sempre omitida descuidadamente é: “Você é salvo?” Se a resposta é afirmativa, então a segunda questão de quase igual importância é: “Como você foi salvo?” ou, “Com base no que você acredita que você foi salvo?” O candidato pode estar confiando na irmandade da igreja, bons trabalhos, batismo, ou em meia centena de outras coisas ao invés de Cristo. Se o candidato baseia sua esperança de salvação no arrependimento diante de Deus, e fé no trabalho completo da expiação de Cristo, então a próxima questão deve ser: “Você já foi batizado?” Quase todo o mundo religioso, com exceção dos Batistas, fica satisfeito com uma resposta afirmativa aqui. Mas uma resposta afirmativa aqui faz necessário ainda uma outra questão: “Como você foi batizado?” Pois muitas pessoas, as quais tem sido aspergidas ou derramadas, estão satisfeitas com o suposto batismo delas, e podem não saber que tais batismos não são válidos. A maioria de todos Batistas ficam satisfeitos se eles receberem a resposta da “imersão” à esta questão, mas enquanto “todo batismo é uma imersão, ainda toda imersão não é um batismo” – isto é, nem todo batismo é Escriturístico. Isto é onde a imersão estranha entra em cena, que é a forma mais perigosa de batismo estranho. Isto concorda com o modo Escriturístico da ordenança, mas ridiculariza a autoridade Escriturística do ato, e consequentemente exalta organizações humanas e a autoridade humana a um lugar de igualdade com a autoridade que tem sido dada somente ao Corpo de Cristo.

Este é o limite da nossa responsabilidade, e deve estar o limite da nossa pesquisa. Não temos o direito de traçar um mapa genealógico espiritual de uma igreja irmã antes de receber um membro dela, pois não existe uma igreja sobre a face da terra que não tenha “defeitos, rugas e manchas.” E é muito duvidoso se qualquer igreja pudesse traçar sua genealogia eclesiástica por mais do que duas ou três gerações sem encontrar algumas sérias desordens.

Nem nós acreditamos que exista algum grande perigo de introduzir imersões estranhas dentro da igreja se as questões acima forem feitas ao candidato, pois estas questões detectarão todas até mesmo o mais duvidoso caso, e estes serão raros. Nós concordamos com T. T. Martin que:

“Apenas duas doutrinas são essenciais a uma igreja Neotestamentária. As outras doutrinas são importantes, preciosas, mas apenas duas são essenciais para uma igreja Neotestamentária. São elas: o MODO DE SALVAÇÃO e o MODO DE BATISMO... Um corpo de pessoas sustentando estas duas doutrinas e nesta ordem Neotestamentária pode estar em erro com outras doutrinas; ainda assim é uma igreja Neo Testamentária.” – The New Testament Church (A Igreja Neotestamentária), citado com a aprovação de Roy Mason, The Church That Jesus Built (A Igreja que Jesus Edificou), p.85.

Isto pode parecer muito simplista, mas há um muito mais envolvido nestes dois requerimentos do que a princípio parece. Mas se estas são as duas necessidades absolutas para a verdadeira constituição da igreja, então a autoridade para batizar possivelmente não pode tornar-se estranha até que o “modo de salvação” tenha sido corrompido, ou qualquer um dos outros três requisitos no “modo do batismo” o tenha sido. Em qualquer caso, as questões que temos proposto acima detectariam o elemento estranho.

Este escritor não acredita que a recepção ocasional na membresia da igreja de um que não está Escrituristicamente qualificado invalidará imediatamente esse status da igreja como uma igreja verdadeira. Se este fosse o caso, então a igreja em Jerusalém era tão desqualificada de ser uma igreja verdadeira antes de ser comissionada, pois ela tinha um membro estranho. Judas Iscariotes nunca foi salvo, e portanto não era qualificado para ser batizado e nem membro da igreja. Seu batismo era estranho, plano e simples, ainda assim João o Batista não foi reprovado por tê-lo batizado, nem Jesus excomungou Judas, e reorganizou aquela primeira igreja. Realmente o Senhor tinha escolhido Judas para ser um apóstolo sabendo que ele “era um diabo” desde o início, João 6:70.

É provável que quase toda igreja tenha alguns membros que estão neste mesmo estado, ainda assim isto não invalida o status de igreja do grupo. Este escritor tem tido, como muitos pastores, várias oportunidades para administrar um batismo Escriturístico a pessoas que tinham vindo, que não tinham sido nascidas de novo genuinamente quando do primeiro batismo. E quando elas verdadeiramente se arrependeram e creram, lhes fora dado um batismo Escriturístico, pois os batismos originais eram estranhos, por não haver um sujeito apropriado.

Eu penso que ninguém poderia responsabilizar uma igreja como culpada de pecado que ignorantemente recebeu tal pessoa em sua membresia. A única coisa que uma igreja pode fazer é aceitar a palavra da pessoa que ela tem confiado em Cristo, e deixar o julgamento da realidade de sua confissão para o Senhor, o qual apenas pode discernir a verdade do assunto. A mesma coisa aplica-se às igrejas. Todos nós somos muito falíveis para sermos capazes para discernir se uma igreja Batista uma vez sadia tem se distanciado da fé para ter seu castiçal removido. Se uma igreja foi uma vez constituída Escrituristicamente como igreja, não podemos nos sentar em julgamento acerca de seus batismos sem assumir juízos corretos sobre ela, alguma coisa não da igreja, muito menos um individuo, nunca tido no Novo Testamento.

De fato, ao considerar as igrejas do Novo testamento, algumas das quais tinham alguns erros flagrantes na doutrina e prática, ainda o Senhor Jesus continuou a reconhecê-las como sendo Suas igrejas. Não nos atrevemos a presumir em ser mais julgadores do que Ele era, pois nós não temos o direito de julgar que Ele tem, ainda algumas vezes pessoas julgam igrejas mais duramente do que seu Cabeça o faz. É uma triste verdade que em tempos os santos são motivados pelo orgulho em agir como se eles tivessem sido apontados como um Papa Batista para julgar todos os outros.

III. O BATISMO ALHEIO REPROVADO.

Não seríamos mal interpretados nesta situação. Não buscamos justificar ou ignorar o batismo estranho em qualquer forma. Não pode haver justificação para isto através de qualquer meio de argumentar. Este escritor não o aprova, nunca o aprovou, nem o praticou, e o Senhor concedendo graça suficiente, nunca o fará. Fazê-lo seria ferir a consciência, e perverter a ordenança.

Paulo agradeceu a Deus porque os Cristãos Romanos tinham obedecido de coração aquela “forma” (GO Grego tupos, “tipo,” “molde,” ou “padrão”) de doutrina que a eles fora entregue, Romanos 6:17. Isto parece ser uma referência à ordenança do batismo que tinha sido discutida extensivamente nos versos 3 a 5, em qual caso apartar-se da ordem Escriturística é quebrar esse “padrão” que visualmente formou suas crenças. Assim, J. B. Thomas bem diz:

“É notório que, em fidelidade ao original, a interpretação marginal nas versões comuns é a forma exclusiva no Novo. Se o ‘molde de doutrina’ aqui mencionado para ser, como será aqui mantida, a ordenança do batismo, então a significância do presente assunto será manifesta. Pois, naquele caso, ele que quebra o molde põe em perigo a doutrina.” – The Mould of Doctrine (O Molde de Doutrina), p. 22.

Nós reprovamos o batismo estranho por esta razão, nomeadamente, que ele é um preceito e prática apartada do Novo Testamento, e que ele atualmente põe em perigo a doutrina que é simbolizada. E a história tem sempre provado que isto é verdade, pois quando os símbolos da verdade são corrompidos, a verdade por si mesma não permanece inviolada.

Ainda, ao mesmo tempo, nós não acreditamos que estamos em liberdade, quer seja como indivíduos ou como igrejas para sentar em julgamento sobre qualquer uma das igrejas do Senhor. Mesmo Paulo, a quem foi comissionado o cuidado de todas as igrejas, negou ter domínio sobre a fé de uma igreja devidamente constituída. “Não que tenhamos domínio (assim a mesma palavra Grega, kurieuo, é interpretada em Lucas 22:25) sobre a vossa fé, mas porque somos cooperadores de vosso gozo; porque pela fé estais em pé,” 2 Coríntios 1:24. E esta igreja a qual Paulo escreveu isto tinha nela algumas sérias desordens. Talvez tanto quanto qualquer igreja Neotestamentária hoje pode ter. Com base no mandamento de Jesus em Lucas 22:25, tal domínio sobre outras é paganismo como que os reis dos Gentios não salvos fariam.

Quando nós desaprovamos os pecados de outros, nós temos purificado os nossos próprios. Não é nosso negócio corrigir os pecados dos outros. O máximo que podemos fazer é oferece conselho fraternal, e mesmo isto deve ser feito de forma tal a não presumirmos ser juízes ou autoridades sobre qualquer uma das igrejas do Senhor. Quando o assunto do membro incestuoso da igreja de Coríntios foi levado à atenção de Paulo, ele aconselhou imediatamente a retirada dele, 1 Coríntios 5. Em 2 Coríntios 7:11, Paulo aprovou da maneira que esta igreja purificou-se a si mesma, e em todas as coisas aprovando-se a si mesma purificada de culpa neste assunto. Como eles fizeram isto? Simplesmente por manifestar sua desaprovação pela separação deste homem. Nós igualmente purificamos a nós mesmos dos pecados dos outros quando nós os desaprovamos, e separamos a nós mesmos deles. Não temos obrigação de corrigir os erros dos outros, pois está muito distante de nós mesmos usurpar a função de Jesus como o juiz.

Alguns irmãos são rápidos a julgar batismos como defeituosos e eles são igualmente tão rápidos a repetir o batismo, mas a falta de necessidade de repetição de batismo é também errada, pois ela testifica uma mentira tal e qual a recepção de um batismo defeituoso. Nós temos ouvido a respeito de membros de igrejas sendo batizados meia dúzia de vezes ou mais, simplesmente por causa do excesso de ênfase que fora colocada nos “sentimentos”. Os sentimentos são enganosos, pois eles brotam principalmente da carne, e assim, eles não podem ser confiáveis. A Palavra de Deus apenas deve ser a autoridade na qual confiamos. O que é necessário em tais casos é não conduzir repetidamente tal pessoa ao Senhor, e então a multiplicar os batismos, mas ao contrário ensinar-lhes uma firme confiança sobre o Senhor, a qual desfará as dúvidas. Concedido, ele infla o ego mais a ser capaz de gloriar-se por ter “salvo (?) uma alma a Jesus,” mas quando uma já está salva e batizada, deve haver uma instrução de modo que o convertido progredirá deixando o estágio infantil. Há uma posição Escriturística saudável entre a aceitação de um batismo defeituoso, e a repetição desnecessária do batismo.

PENSAMENTOS FINAIS. Muitos milhares de pessoas eram batizadas nos dias dos apóstolos, ainda assim há apenas um registro de re-batismo de indivíduos, e este envolveu apenas doze homens. Certamente isto é significante. Estamos colocando mais ênfase sobre o assunto do que o Novo Testamento coloca? Talvez estejamos, e ainda assim, temos que reconhecer que estamos vivendo os últimos dias, a respeito dos quais nosso Senhor mesmo perguntou: “Quando porém vier o Filho do homem, porventura achará fé (texto Grego) na terra?” Lucas 18:8. “A Fé” é sempre usada no Novo Testamento como parte do corpo completo da verdade doutrinária que é o objeto da fé dos santos. Paulo semelhantemente foi movido a advertir sobre a grande apostasia dos últimos dias, 1 Timóteo 4:1; 2 Timóteo 3:1-5.

Certamente cada pregador e cada igreja devem reconhecer que há coisas mais importantes a fazer do que ir a caça da bruxa por heresias. Nosso Senhor nos tem dado um trabalho a tempo integral para efetuar no mandamento: “ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado,” Mateus 28:19-20, interpretação literal. Mas este dever requer que nós estejamos firmes e diligentemente batalhando pela fé que uma fez foi dada aos santos, Judas 3. Possa Deus conceder-nos visão espiritual para enxergar claramente, e na perspectiva correta, e um coração cheio de fé para cumprir o nosso dever.

Autor: Pr Davis W. Huckabee
Tradução e Correção gramatical: Hirialte Luis Fontoura dos Santos 03/2009
Revisão: Joy Ellaina e Calvin Gardner, 07/2009

A AUTORIDADE DA IGREJA

A AUTORIDADE DA IGREJA

Há muito tempo tem havido muita confusão a cerca do que o Novo Testamento refere como a “Igreja.” Esta confusão é comum acerca de muitos aspectos da igreja. Mas talvez o erro que é o mais básico, e que toca a maioria dos outros aspectos da igreja, é concernente ao significado desta palavra, e conseqüentemente, a constituição de uma igreja neotestamentária. Por esta razão, antes de entrarmos na questão da Autoridade da Igreja, é necessário reavivar nossas mentes a respeito deste mais básico dos assuntos da igreja.

A palavra em inglês “igreja” é derivada eventualmente da palavra grega Kyriakos, “isso que pertence ao Senhor,” e como tal, não é uma tradução apropriada da palavra Grega usada para o ajuntamento do Senhor. Do Grego ekklesia, uma palavra composta por ek, para fora de, e kaleo, chamar, como um substantivo ele refere-se a um ajuntamento chamado para fora. Se isto tivesse sempre sido mantido em mente, a idéia insensata de uma igreja “universal” nunca seria concebida. Os dois termos são mutuamente exclusivos. Em seu significado mais básico, esta palavra refere-se a “uma assembléia de cidadãos reunidos fora de seus lares nalgum lugar público; uma assembléia” - Thayers Greek-English Lexicon of the New Testament (Thayers Lexico Grego-Inglês do Novo Testamento.

Ekklesia é usado em diversas maneiras, principalmente: (1) Secularmente entre os gregos para significar um ajuntamento das pessoas reunidas no lugar público de conselho com a finalidade de deliberar algum assunto. (2) Na Septuaginta, Tradução (Grega) do Velho Testamento, para ter o mesmo significado que a palavra Hebraica kohol, significado o ajuntamento dos Israelitas, como 1 Crônicas 28: 8. (3) para referir-se a qualquer reunião ou multidão de homens ajuntados por acaso ou em contenda, como em Atos 19:32, 41. (4) No sentido cristão, refere-se a um ajuntamento de Cristãos reunidos para adoração. Em todos estes sentidos, é exigido um ajuntamento verdadeiro, e isto automaticamente põe de lado a teoria da igreja universal como incompatível com o significado da palavra.

Em seu livreto intitulado “Ecclesia - A Igreja,” B. H. Carroll bem disse: “Quando o chamado pra fora estiver terminado, e todos os chamados forem glorificados, então o presente conceito de uma assembléia geral será um fato. Então, e somente então realmente, todos os redimidos serão uma ecclesia. Além disso, esta ecclesia na glória será o corpo real, templo, rebanho do Senhor.” Entretanto, isto não deve ser tomado como exclusão da Igreja da Glória, ou a Igreja dos Primogênitos que está no céu, Hebreus 12:23: “E igreja dos primogênitos, os quais têm sido registrados pelo nome no céu” (tradução literal).

W. Lee Rector escreveu: “A Igreja da Glória é a Noiva de Cristo e ela reinará com Ele e servi-Lo-á como o Senhor. No Reino de Deus, os salvos do Reino dos céus e do Reino de Cristo comporão os cidadãos de Deus, o Pai, o Pai a quem Ele recebe de Seu filho Real, 1 Coríntios 15:24 - 28, e estes Santos constituirão a Igreja dos Primogênitos, Hebreus 12:22-23. Este ajuntamento é identificado com “o Dia de Deus,” 2 Pedro 3:12, e com a Nova Jerusalém, Apocalipse 21: 2. “- Igreja de verdade da Igreja de Jerusalém para a Igreja da Glória.

Nós lemos a respeito da constituição e da organização da primeira igreja em Marcos 3:13-14: “E subiu ao monte, e chamou para si os que ele quis; e vieram a ele. E nomeou doze para que estivessem com ele e os mandasse a pregar, e ter poder de curar as enfermidades e expulsar os demônios.” No texto grego a palavra enfatizada é exousia - autoridade. Isto foi feito depois que Jesus tinha passado uma noite inteira em oração, que fala da solenidade da ocasião. Temos que recordar apenas o significado de ekklesia - "um ajuntamento de cidadãos chamados para fora de suas casas para nalgum lugar público," para ver que isto era a constituição original da igreja do Senhor.

Um dos professores deste escritor quando no seminário, Don N. Kitch escreveu: "O fato primário que determina o caráter destes corpos é, que eles são chamados por Deus a este serviço e função. A palavra grega kalein (chamar), com seus derivativos e compostos, conota as características instintivas destes corpos de pessoas,” – The New Testament Church, in The Orthodox Baptist, August, 1956 (A Igreja Neotestamentária, no Batista Ortodoxo, Agosto, 1956).

Está claro que isto foi quando a primeira igreja foi constituída, e que não era apenas uma “forma de germe” (mais primitiva) dela, existindo até Pentecostes, como sustentado por A. H. Strong, Teologia Sistemática, pág. 895. Sustentar qualquer outra visão da origem da igreja é esticar muitas escrituras bem claras além de seus contextos. E por qual razão? Tentar fazer a origem de a igreja conformar-se às teorias dos homens ao invés da Escritura!

Outras Escrituras indicam que a igreja existiu durante o ministério do Senhor Jesus. “Se não as escutar, dize-o à igreja; e, se também não escutar a igreja, considera-o como um gentio e publicano” Mateus 18:17. O tempo do verbo "dizer" não é futuro, como se de algo será ainda por vir, mas é imperativo, como pertencendo ao que já era existente. Aqui já estava dada a autoridade da igreja. “Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela,” Efésios 5:25. Dizer que a igreja não estava em existência até o próximo Pentecostes é dizer que Jesus morreu por algo que não existiu então. Aqueles que sustentam que a igreja não foi instituída até Pentecostes devem negligenciar várias claras mas preciosas verdades.

1. Jesus constituiu apóstolos na igreja antes de Pentecostes, mas I Coríntios 12:28 diz que isto foi o primeiro ato relativo à igreja. Lucas 6:12-14 mostra que esta separação de Apóstolos dos discípulos em geral ocorreu quando Jesus chamou os discípulos para fora das multidões que O seguia.

2. Os Pregadores batizavam sob a autoridade direta de Jesus antes do Pentecostes, João 4:1-2. O batismo é uma ordenança da igreja ou não? Alguns negá-lo-iam a fim manter suas teorias.

3. Jesus deu instruções à igreja e autoridade para a igreja disciplinar antes de Pentecoste, Mateus 18:15-18.

4. A igreja teve um tesoureiro, e distribuiu dinheiro para propósitos benevolentes antes de Pentecostes, João 12:4-6.

5. Jesus instituiu a Ceia do Senhor por Sua própria autoridade antes de Pentecostes, Mateus 26:26. A Ceia do Senhor é uma ordenança da igreja ou não? Muitos não querem pensar assim, que eles possam ser livres para se conformar ao mundo religioso.

6. Um pastor foi escolhido para a igreja antes do Pentecostes, João 21:15-17. Isto foi outra vez pela própria autoridade de Jesus.

7. Cristo comissionou a igreja antes do Pentecostes, Mateus. 28:18-20, que nós examinaremos melhor logo.

8. Jesus prometeu à igreja o batismo no Espírito Santo, Atos 1:5. Poderia algo que não existiu ser batizado no Espírito Santo? Nenhuma palavra nisto implicou que este seria o começo da igreja. Nenhuma igreja foi fundada sobre Pentecostes, exceto, talvez nas mentes de C. I. Scoffield, e outros de sua opinião.

9. A igreja realizou uma reunião de negócios antes do Pentecostes, e continuou o trabalho do Senhor como necessário para expedir seus trabalhos, Atos 1:15-2:1. Havia uma unidade no grupo durante todo este tempo.

10. Três mil convertidos foram adicionados a esta assembléia em Pentecostes, Atos 2:41. A que foram adicionados se a igreja não existiu antes?

Existem outros fatores numerosos que poderiam ser trazidos da Escritura para mostrar que a igreja do Senhor era existente antes do Pentecostes, mas não estenderemos esta discussão. Para aqueles que não perceberão isto das seguintes coisas, não o acreditaria mesmo se o próprio Senhor estivesse diante deles e lhes dissesse essas verdades. O preconceito cego é sempre muito tenaz para manter a sua própria posição.

Com as verdades já citadas gravadas em nossas mentes, agora podemos cuidar do assunto em si, usando como nosso texto áureo Mateus 28:18-20. Na versão em inglês "poder" traduz ambas as palavras do Grego dunamis e exousia. Neste caso, a última palavra, é sempre interpretada "autoridade" quando usada no mesmo contexto que dunamis, como em Lucas 9:1. Talvez no ano 1611 quando a versão comum foi traduzida, a palavra em inglês "poder" poderia ter implicado tanta capacidade quanta autoridade. Entretanto, no inglês moderno existe uma clara distinção, e assim, por esta razão, nós usaremos a palavra mais apropriada "autoridade."

Nisto que é bem nomeada "A Grande Comissão," o próprio Senhor é a única autoridade. Ao dizer: "É-me dado todo o poder no céu e na terra", o Senhor reivindica autoridade para o que Ele está prestes para dizer. Como o Filho de Deus, Ele tem a autoridade original. Ao dizer "Portanto ide," Ele mostra que está delegando autoridade para sua igreja realizar as exigências desta comissão. Entretanto, a autoridade delegada não pode ser re-delegada, o que toda igreja tenta fazer se usar outras agências para fazer o trabalho que o Senhor aqui comissiona suas igrejas a fazer. Conseqüentemente, todas as sociedades evangelísticas, missionárias, ou beneficentes quais os homens têm inventado para fazer o trabalho do Senhor são imediatamente encontradas como sendo concorrentes intrusas e presunçosas da única organização autorizada de Deus, pois apenas à igreja do Senhor a comissão foi dada. Há cinco aspectos para esta Grande Comissão, e estes identificam à responsabilidade para toda igreja verdadeira. Nenhuma igreja pode estar inteiramente na vontade de Deus se negligenciar qualquer um destes.

I. A AUTORIDADE DA IGREJA PARA ESPALHAR A PALAVRA.

A declaração inicial de Jesus nos vs18-19a é a comissão autorizada das igrejas para fazer o trabalho missionário: "É-me dado todo o poder, Portanto ide..." Em Atos 1:8 o relatório desta comissão detalha o trabalho: “Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra.” Eis aqui um dever tríplice: Missões domésticas na própria cidade e nação, depois missões estrangeiras nas nações vizinhas, mas sem quaisquer limitações que não incluirá os confins da terra. "O campo é o mundo," Mateus 13:38.

Como a comissão de Mateus 28:18-20 dá autoridade para o ministério, assim Atos 1:8 revela que a habilidade de fazer o ministério é dada, pois neste último texto "poder" traduz a palavra Grega “dunamis”. Conseqüentemente nenhuma igreja pode escusar-se em dizer "Mas somos pequenos, não podemos realizar tal tarefa." Aquilo que Deus comissiona, Ele capacita.

Depois vemos um uso definido deste poder aplicado pela igreja de Jerusalém quando Pedro e João curaram o homem coxo, e depois usaram tal feito como oportunidade para pregar a Palavra de Deus, Atos 3:1-4:22. Que este poder era aparente diante de todos é evidente em Atos 4:13-14. “Agora quando eles viram a ousadia de Pedro e João, e perceberam que eram homens sem estudos e ignorantes [não tinham participado das escolas dos rabis ou de outras instituições de maior aprendizagem - DWH], maravilharam-se e reconheceram que eles haviam estado com Jesus. E vendo o homem que foi curado de pé com eles, eles não poderiam dizer nada contra isto."

A capacidade para realizar esta primeira parte da comissão é clara em Romanos 1:16, onde "o poder do Deus" dá acompanha a pregação do Evangelho, pois declarar o Evangelho de Cristo é falar aquilo autorizado pelo poder do Soberano Senhor do universo. “Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego.”

Outro fato significativo é o crescimento rápido da igreja capacitada em Jerusalém, começando no dia de Pentecostes com o acréscimo de aproximadamente três mil almas. Alguns estimam que a membresia desta igreja foi aproximadamente cinqüenta mil dentro de alguns anos. Isto teria sido impossível se a comissão a ser testemunhas "em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra" não tivesse sido acompanhada com o poder de Deus para levar a Palavra.

"Ele delega à Sua igreja autoridade limitada - autoridade para ‘ligar e desligar,’ Mateus 16:18, e Mateus 18:18. É concedida à igreja local autoridade Executiva e Judicial, mas nenhum poder Legislativo. O uso desta autoridade delegada é limitada à igreja local. Ela não pode delegá-la a outra. Esta autoridade delegada é divina. Assim não há nenhuma hipótese para qualquer humano alterá-la." - W. Lee Rector, New Testament Ecclesiology (W. Lee Rector, Eclesiologia do Novo Testamento).

Estes dois textos citados pelo Dr. Rector têm sido seria e freqüentemente mal entendidos porque a tradução não leva em conta o significado completo de todos os tempos verbais do Grego. Uma interpretação literal de Mateus 16:19 é: "E tudo o que tu poderias ligar (futuro subjuntivo ativo, indicando uma possível ação no futuro) na terra será (futuro indicativo, indicando uma simples ação no futuro) aquilo que já tem sido ligado, resultando numa ligação permanentemente estabelecida (particípio passado perfeito, indicando uma ação passada completa com resultados que ainda estão acontecendo) no céu; e tudo o que poderias desligar (aoristo subjuntivo, uma possibilidade passada simples) na terra, será (futuro, indicando uma ação futura simples) aquilo que já tem sido desligado, resultando num desligamento permanente estabelecido (particípio passivo perfeito outra vez, indicando uma completa ação passada com os resultados que ainda estão acontecendo) no céu."

Assim, ao invés do Cabeça da igreja dar às Suas igrejas permissão para legislarem quaisquer regras que possam querer para regular sua adoração (como o Romanismo reivindica, e como o Protestantismo pratica), Ele limitou-as para sempre "ligar" e "desligar" somente em conformidade com os princípios que já foram estabelecidos no céu. Ou seja, devem ser regulados somente pelos princípios revelados nas Escrituras inspiradas. Esta, e esta somente, é a autoridade das igrejas do Senhor. Igrejas que agem diferentemente revelam que são rebeldes, não as igrejas fiéis de Deus.

Assim estamos a concluir que a igreja, enquanto tendo autoridade executiva e judicial, não tem o poder para decretar novas leis, mas somente deve "ligar na terra" aquilo que já está ligado no céu. Com a Bíblia a nossa regra de fé e prática, para mostrar-nos o que devemos aceitar e o que devemos rejeitar, não temos necessidade alguma de novas leis de adoração. Nós temos mais regras de comportamento agora do que qualquer igreja possa aderir completamente. Verdadeiramente podemos entender que Deus tem dado poder às Suas igrejas - poder para realizar Sua comissão - mas este poder é dado somente àquelas que honram Sua Palavra, e não aos oportunistas autônimos, ou às organizações inventadas pelos homens que desejam tal poder para propósitos de auto-engrandecimento.

"Agora é importante recordar que, por quase dezessete séculos de vida Batista, não há qualquer evidência histórica de igrejas Batistas elegendo representantes para que as assembléias representativas dos batistas ajam no lugar das igrejas locais. As Convenções e as Associações Batistas são invenções modernas operando sem sanção escriturística. Elas, e não as igrejas Batistas independentes estão espúrias."-W. Rector Lee, Testament Novo Ecclesiology (W. Rector Lee, Eclesiologia do Novo Testamento).

Se a Palavra de Deus é verdadeira (e quem terá a audácia para dizer que ela não é?) então à igreja local tem sido dada, não somente a autoridade para levar a Palavra a um mundo perdido e morto, mas também a capacidade necessária para espalhá-la. Que necessidade temos de uma organização super-igreja; extra-biblica e não-escrituristica, que desvia para ela a força e os recursos da igreja local? Se Deus não honrar Sua promessa à igreja local, a qual ele comissionou, dando-lhe o poder para realizar a comissão, como podemos esperar que Ele abençoe uma organização criada pelo homem, da qual lemos nada nas Escrituras? Que Deus nos livre! Contudo sabemos que de fato que Ele honra a igreja local neotestamentária com toda da autoridade e do poder suficiente. Irmãos "fujamos destas coisas," (todas as inclinações, intenções e invenções humanas) 1 Timóteo 6:11.

I. A AUTORIDADE DA IGREJA PARA FAZER DISCÍPULOS

"Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações." "Fazei discípulos" traduz uma palavra grega inteiramente diferente do que aquela encontrada no v. 20, a palavra grega mais comum para o ato de ensinar. Aqui é a forma verbal do substantivo traduzido "discípulo," e é literalmente "fazer discípulos de todas as nações." Isto é realizado através do ensino e da pregação.

Se algo é provado no livro de Atos, é a verdade que muitas pessoas foram salvas enquanto os discípulos pregavam a Palavra do Senhor no poder do Senhor. “De sorte que foram batizados os que de bom grado receberam a sua palavra; e naquele dia agregaram-se quase três mil almas,” Atos 2:41. Nem se pode discutir que estes milhares de homens foram ganhos para o Senhor por causa das palavras persuasivas de Pedro ou de João. Nem que os homens eram convencidos posteriormente pela oratória de Paulo. A Escritura declara que Pedro e João eram homens "sem letras e indoutos," Atos 4:13, e que Paulo era "rude no discurso," 2 Coríntios 11:6. Mesmo se todos os discípulos tivessem sido grandes oradores por talento de nascença, contudo um estudo superficial dos quatro evangelhos revela que existiram tantos preconceitos enraizados contra os ensinos de Jesus e um ódio profundo de qualquer coisa que contradissesse as tradições dos anciões e a doutrina dos Fariseus e dos Saduceus, que seria ilógico de acreditar que estes grandes números fossem convencidos a terem uma posição completamente oposta de suas crenças apenas pelo poder do homem.

É fácil perceber que o povo não foi agregado à igreja pelo poder do homem, mas enquanto a igreja realizou sua comissão de pregar a Palavra, Deus abençoou a Palavra e o esforço “E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar” Atos 2:47 (interpretação literal). Sem dúvida o segredo do sucesso da igreja capacitada em Jerusalém era por causa do que lemos em Atos 5:42: “E todos os dias, no templo e nas casas, não cessavam de ensinar, e de anunciar a Jesus Cristo.”

Isto pode explicar a falha tamanha de muitas igrejas de hoje em fazer discípulos. A evangelização de porta em porta pelos membros da igreja é quase uma coisa desconhecida em muitas igrejas. E a maioria das pessoas agora tem em mente que o pastor é o único que deve se esforçar para fazer discípulos. Mas a comissão e o poder para cumpri-la são dados a igreja toda e conseqüentemente, é responsabilidade de cada membro. Na medida que todos são obedientes ao Senhor neste assunto, podemos esperar sucesso em fazer discípulos.

"Apesar da dissensão dentro da igreja, da disputa ímpia sobre a legitimidade da causa de Cristo, e do martírio de Estevão, os discípulos multiplicaram-se grandemente e a Palavra de Deus era pregada ainda mais (Atos 6:7). Deus estava COM eles, dando vitória apesar da oposição" - J. Cullis Smith, Survey of New Testament Missions (Um Exame das Missões do Novo Testamento).

Deus tem ficado junto com as Suas Igrejas Neotestamentárias e independentes através dos séculos as guiando e capacitando por Seu Santo Espírito, suprindo-lhes tudo necessário e falando através delas nos tempos de perseguição. Isto foi como Ele prometeu em Mateus 10:19-20. É entendido então que Deus tem as Suas testemunhas obedientes em fazer discípulos pelas Suas igrejas locais e neotestamentárias em cada época desde o primeiro século.

"Esta Comissão - este trabalho - não foi dado aos apóstolos como indivíduos, mas a eles e aos demais presentes na sua capacidade de membros de Igreja. Os apóstolos e demais que o ouviram pronunciá-la, cedo morreram. Mas, sua Igreja tem vivido através dos séculos, fazendo discípulos, batizando-os e ensinando-lhes a verdade - as doutrinas - que Ele comissionou à Igreja de Jerusalém. As igrejas fiéis têm sido abençoadas com a sua presença, palmilhando com Ele através dos Rastos de Sangue." - The Trail of Blood.

Estas igrejas fiéis eram obedientes a esta comissão, mesmo quando isto significava sujeitar as próprias vidas de cada membro em risco de martírio súbito nas maneiras mais cruéis e imagináveis aos corações dos homens depravados. Mas elas agiam assim porque sabiam que esta era a vontade de Deus para elas. Ah se os fiéis de hoje tivessem tais convicções!

II A AUTORIDADE DA IGREJA PARA BATIZAR

“Batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo.” “Mas, como cressem em Filipe, que lhes pregava acerca do reino de Deus, e do nome de Jesus Cristo, se batizavam, tanto homens como mulheres,” Atos 8:12.

Pode haver pouca dúvida que Felipe foi enviado pela autoridade da igreja em Jerusalém, pois imediatamente depois que almas foram salvas, a igreja em Jerusalém foi notificado disso e enviou Pedro e João para constituir os novos fiéis numa igreja. Eles, então, oraram para que o Espírito Santo viesse sobre eles na qualidade de igreja, o qual Ele o fez por meio da autenticação da sua identificação como igreja, Atos 8:14-17.

A Escritura determina claramente o fato que o principal pré-requisito para o batismo é crença no Senhor Jesus Cristo. Isto é visto em diversas passagens diferentes, como em Atos 8:36-38. "E, indo eles caminhando, chegaram ao pé de alguma água, e disse o eunuco: Eis aqui água; que impede que eu seja batizado? E disse Filipe: É lícito, se crês de todo o coração. E, respondendo ele, disse: Creio que Jesus Cristo é o Filho de Deus. E mandou parar o carro, e desceram ambos à água, tanto Filipe como o eunuco, e o batizou." A palavra no verso 37 que é traduzida "É lícito," é a palavra grega “exestin” , é conforme a lei. O batismo não é necessário para salvação, mas é a expressão legal num símbolo que uma pessoa tem sido salva. A determinação de usar esta palavra implica que o batismo não seria legal se fosse administrado em qualquer outro que não era salvo. Que o batismo é uma ordenança para os que já são salvos, e não um meio pelo qual os pecadores podem ter seus pecados remidos para que pudessem ser salvos, é óbvio pelas passagens bíblicas de Atos 10:43; Romanos 10:9-10; Gálatas 2:16, 21; João 6:40, e muitas outras. Assegurar que o batismo de qualquer modo efetua a remissão de pecado é subverter todo o sistema da graça, o qual é a única base da salvação, Atos 15:8-11; Efésios 2:8-9. Confiando nas águas do batismo para a salvação é uma das formas mais comuns de confiar em si mesmo. Contudo, sem dúvida, a maioria da professa Cristandade tem engolido esta isca errada, junto com anzol e linha e chumbada.

A respeito do método da execução do mandamento para batizar os crentes, o Senhor deu instruções muito explícitas à igreja, para eliminar quaisquer dúvidas. É realmente triste de se ver como muitas pessoas têm se desviado destas instruções claras sobre a forma desta ordenança. Olhe em qualquer dicionário, e ele irá informar-lhe que “batismo” vem de uma palavra Grega significando imergir, submergir, mergulhar, ou em alguma outra forma enterrar alguém ou alguma coisa em uma substância penetrável.

"O Senhor ordenou Sua igreja a ‘batizar’”, Mateus 28:19. Ele não ordenou ‘rantize’, nem ‘echeo' - `Rantizo` significa aspergir, e ‘echeo’ significa derramar. A palavra ‘batizar’, é uma transliteração da palavra Grega ‘baptizo’ – o ‘p’ e o ‘o’ da palavra caíram e ‘ar’ foi adicionado. A palavra ‘batizar’, de acordo com mais de quarenta Léxicos Gregos significa: (a) mergulhar, (b) engolfar, (c) imergir, (d) submergir, (e) enterrar. O Novo Testamento determina o batismo em água como um enterro, Romanos 6:4. No batismo, nós somos enterrados na figura da morte de Cristo, e ressuscitados na semelhança da Sua ressurreição." – W. Lee Rector, New Testament Ecclesiology (Eclesiologia do Novo Testamento).

O verdadeiro batismo escriturístico é uma raridade nestes dias porque todos os Romanistas, quase todos os Protestantes, e mesmo alguns Batistas têm deixado de pouco em pouco o erro influenciar os seus batismos, ou em seu método, sujeito, propósitos ou autoridade. Estas quatro áreas necessitam ser estritamente observadas de acordo com as ordens autorizadas pelo próprio Senhor, de outra forma torna-se um batismo estranho. “Sê vigilante, e confirma os restantes, que estavam para morrer; porque não achei as tuas obras perfeitas diante de Deus.”, Apocalipse 3:2.

Este não é um assunto de pequenas conseqüências, pois o Senhor Jesus deu autoridade à Sua igreja para executar esta ordenança; mas em parte alguma, em parte alguma, EM PARTE ALGUMA, Ele nunca autorizou a qualquer pessoa alterar este belíssimo símbolo, nem ao menor grau. E aqueles que assim têm feito, têm mostrado o maior desprezo para com a autoridade soberana do Senhor, e têm presumido ser mais sábios do que Deus O Filho. Bem perguntou Jesus em Lucas 6:46: “E por que me chamais, Senhor, Senhor, e não fazeis o que eu digo?"

III. A AUTORIDADE DA IGREJA PARA ENSINAR

“Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado." A palavra Grega usada aqui é a comumente usada para ensinar – “didasko” - e aparece quase cem vezes, traduzida sempre desta maneira. Neste caso é um particípio presente, que sugere uma prática contínua, porque quando os novos convertidos são trazidos à igreja, eles devem ser doutrinados. A forma do substantivo desta palavra é traduzido freqüentemente “doutrina.” Não somente é necessário o ensino contínuo para os novos convertidos, mas ninguém aprende sempre tudo que necessita saber sobre a verdade de Deus de modo que mesmo aqueles mais velhos na fé têm necessidade também. E além disto, nossas mentes deixam escoar a verdade, como a tradução opcional de Hebreus 2:1 mostra, de modo que deve haver a contínua reprogramação da mente com a Verdade.

Isto não é em referência ao ensino de mera teoria. A teoria sem prática é geralmente hipócrita. A palavra grega traduzida "observar" é traduzida assim somente quatro vezes das 75 ocorrências no Novo Testamento. Sem dúvida, a tradução mais comum é "manter." As igrejas do Senhor conseqüentemente são mandadas a ensinar os membros convertidos e batizados a manterem de uma maneira prática as grandes verdades doutrinárias da Palavra de Deus.

Há uma triste falta do ensino da Palavra de Deus hoje, e talvez esta seja a razão porque muitas são tão fracas no conhecimento da Verdade, e porque as falsas doutrinas são tão prevalecentes. Pessoas genuinamente nascidas de novo às vezes têm sede de conhecimento enquanto os pregadores primam pelo evangelismo, deixando a ovelha sofrer a falta do alimento espiritual. É uma grande tragédia quando uma alma é salva, e depois esquecida e não ensinada, de modo que a vida é desperdiçada em falsa doutrina. Não esqueçam que a Grande Comissão coloca igual ênfase tanto no ensinar como nas suas outras partes.

"A esse glória na igreja, por Jesus Cristo, em todas as gerações, para todo o sempre. Amém" – Efésios 3:21. Mas como pode o Senhor receber glória na igreja se os seus membros não são ensinados as verdades da Palavra de Deus. Não somente deveria cada convertido ser trazido à membresia da igreja, mas também deveria ser completamente doutrinado. Por meio de exemplo, o que aconteceria se uma criança de quatro anos fosse deixada para crescer e aprender sozinha os caminhos da vida. Quanto tempo ele viveria antes que se destruísse com sua própria ignorância. Assim é, de alguma forma, com o novo cristão. Este necessita ser alimentado primeiramente no leite da Palavra, I Coríntios 3:1-3, e então quando ele se tornar mais maduro espiritualmente, pode ser alimentado no mantimento forte, ou seja, nas maiores doutrinas da Palavra, Hebreus 5:14. Os cristãos, sejam pregadores, diáconos, professores da Escola Dominical, ou simplesmente os membros de banco, têm o dever de ensinar a Palavra de Deus que eles "apresentem todo o homem perfeito em Jesus Cristo," Cl 1:28. "Perfeito" é a mesma palavra Grega “teleios” como "adultos" em I Coríntios 14.20.

Que estamos a ensinar? "Todas as coisas que Eu vos tenho mandado." A imediata tentação do leitor é pensar que isto se refere às porções em letra vermelha nos Quatro Evangelhos, mas isso é um sério engano. Jesus disse em John 14:26, "Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito." O Espírito é Aquele que inspirou a escrita do Novo Testamento, de modo que a totalidade do Novo Testamento é o que Jesus falou, e é o que Jesus se referiu na Comissão. Este fato nem elimina o Velho Testamento, porque tanto Jesus como todos os escritores citaram-no freqüentemente para substanciar a verdade de seus ensinos. A Sua íntima natureza, a Grande Comissão ordena o ensino da Bíblia toda, nem mais, nem menos. Se nós reivindicarmos ser Cristãos Bíblicos, vamo-nos ensiná-la em sua totalidade.

Nem seja adicionada qualquer outra coisa ao corpo do ensino da igreja. Escrevendo a Timóteo, Paulo diz que se qualquer ensinar algo além das palavras do Senhor Jesus Cristo e a doutrina que é de acordo com a piedade, ele é orgulhoso, ignorante e destituído da verdade. De tais Cristãos aparta-te, I Timóteo 6:3-5.

Jesus diz: "E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará,” João 8:32, mas como pode alguém conhecer a verdade se a ele nunca for ensinado? E mesmo aqueles que são "perfeitos" como Cristãos são admoestados a "Procurar apresentar-se a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.," II Timóteo 2:15. A falha de "manejar bem a palavra da verdade" causa a maioria das heresias surgir no mundo religioso. Daí, a importância do ensino contínuo.

A suposição de muitos é que eles serão tidos como grandes aos olhos do Deus se fizerem muitos convertidos, mas a Escritura não diz nada sobre isso. Tal atitude pode conduzir ao Farisaísmo, Mateus 23:15. Entretanto, não somos apenas comandados a ensinar a Palavra de Deus, mas a Escritura diz em termos claros que aqueles que assim fazem fielmente serão chamados grandes no Reino, Mateus 5:19.

IV A AUTORIDADE DA IGREJA PARA PEPETUAR

O texto Grego do v20 é mais gráfico do que a versão Portuguesa, pois lê-se literalmente: "E eis que eu, mesmo, estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém." Que modo mais apropriado ou consolador poderia o nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo finalizar Sua Grande Comissão à Sua igreja do que por esta preciosa promessa? Ele está conosco. Ele está conosco! Ele está conosco! Aquela primeira geração extinguiu-se. Os apóstolos extinguiram-se. Aquela primeira igreja extinguiu-se. Mas visto que como a promessa foi feita, não aos indivíduos como tais, mas a seu corpo institucional – a igreja – isto ainda está sendo cumprido.

Ah, como nossos corações deveriam inchar de alegria e esperança nesta promessa! E nós, os Batistas, que estamos vivendo nestes últimos dias deveríamos regozijar especialmente. Temos quase dois mil anos de história que provam que nunca existiu uma hora sequer em que não houvesse verdadeiras Igrejas Neotestamentárias em existência, cada qual tendo a presença do Senhor. Mas esta era a promessa do Senhor em Mateus 16:18. "E sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela."

É interessante notar que mesmo os piores inimigos dos Batistas se unem para se tornar testemunhas da existência de Igrejas Batista em cada século desde o primeiro século. Não! Não desejam assim de testificar, nem a maioria deles o fazem individualmente. Mas um se torna testemunha de nossos antepassados espirituais em algum século e em um lugar, e outro dá um testemunho em outro século e num outro lugar, e, trazendo o testemunho de todos os historiadores das igrejas Católicas e Protestantes juntas, isto é a soma. Caso contrário, de quem todos estes se referem quando falam assim amargamente dos numerosos grupos que eles perseguiram?

"Se não fossem os Batistas [ou Anabatistas, como eles eram mais comumente chamados – DWH] que têm sido dolorosamente atormentados e cortados ao fio da espada ao longo dos últimos doze séculos eles seriam muito maior em número do que todos os Reformadores."- Cardeal Hosius, Letters, Apud Opera, pp. 112-113. Este católico foi o presidente do Conselho de Trento em A.D. 1524. Subtraindo estes doze séculos de 1524 leva a data de volta a 324 A. D., o tempo em que a divisão entre os Batistas e os Católicos começou primeiro a ser mais enfatizada. Isto não foi o começo dos Batistas, mas foi quando seus confrontos com os Católicos começaram a ser proeminentes.

Somente o poder de Deus poderia dar àquelas pessoas a coragem representar Cristo fielmente quando elas souberam que isso significava perder as suas vidas e das maneiras mais cruéis imagináveis. Em cada século desde o primeiro século A. D., tem existido tais grupos de pessoas que freqüentemente tiveram que conduzir suas reuniões de igreja secretamente em cavernas, em adegas e em outros lugares de esconderijo com medo da perseguição. Estes povos foram chamados por muitos nomes diferentes, mas uma coisa resiste. A maior parte deles mantiveram os mesmos princípios que os verdadeiros Batistas mantêm hoje.

E assim as igrejas verdadeiras do Senhor sobrevivem ainda hoje embora os milhões multiplicados de fiéis Cristãos tenham sido perseguidos até a morte por sua adesão ao nome, doutrina e Evangelho de Cristo. Os historiadores estimam que entre cinqüenta e duzentos e cinqüenta milhões de tais cristãos fiéis foram perseguidos até a morte somente durante a idade das trevas. Poderiam estes povos terem feito isto se Jesus não estivesse com eles confortando e fortalecendo-os? Poderíamos esperamos ver alguma organização secular, sem o poder de Deus por detrás dela, continuar por mais de dezenove séculos diante de tal amarga perseguição como estas pacientes e humildes igrejas do Senhor tem enfrentado? Eu penso que não! Certamente, ninguém jamais reivindicou que uma organização secular assim fez. Mas a resistência destas igrejas é toda devida, não ao "triunfo do espírito humano" como freqüentemente exaltado pelos humanistas de hoje, mas unicamente pelo fiel cumprimento da promessa do Senhor feita àquela primeira igreja, e através dela, a todos os seus subseqüentes descendentes. Ele Prometeu Seu poder soberano, e Ele tem o dado fielmente todas as vezes que foi necessário.

Quão maravilhoso é olhar para trás, através dos séculos, e ver a fidelidade do Senhor ser com as Suas igrejas, e protegê-las dos ataques das "portas do Inferno" que têm tão consistentemente tentado destruir igrejas verdadeiras em cada época desde que o Salvador deu-lhes tal promessa. Isto nos conforto que do mesmo modo que Ele estava com nossos pais espirituais, assim Ele será conosco até o "glorioso aparecimento do grande Deus e nosso Salvador Jesus Cristo." Louvado seja o Senhor!

Autoridade plena foi dada às igrejas do Senhor para ir por todo o mundo, e fazer discípulos de todas as nações, batizar os convertidos a serem parte das igrejas, ensinar estes a praticar todas as coisas a elas mandadas, e continuar até a consumação dos séculos. E o gracioso Senhor não apenas deu esta comissão às Suas igrejas, mas também lhes tem atendido em cada época (Mateus 18:20). Ele tem dado-lhes a graça e a sabedoria e a força e a coragem necessários para cumprir esta Grande Comissão até que sua peregrinação terrena estiver completada. Deus é sempre fiel, Isaías 49:7; I Coríntios 1:9; I Tessalonicenses 5:24. Conseqüentemente, vamo-nos ser fiéis para confiar estas verdades "a homens fiéis que sejam idôneos para também ensinarem os outros," II Timóteo 2:2. Desse modo nós seremos Seus instrumentos para perpetuar Sua abençoada verdade ainda para outra geração ainda.

Autor: Pr Davis W. Huckabee
Tradução e Correção gramatical: Hirialte Luis Fontoura dos Santos 05/2009
Revisão: Joy Ellaina e Calvin Gardner, 06/2009
Fonte: www.PalavraPrudente.com.br